Na semana passada eu assisti um curso com foco em alcançar e ajudar crianças e adolescentes que vivem em condições de risco social. Este curso foi ministrado por uma das missionárias mais experientes do JEAME, a organização sem fins lucrativos com a qual eu tenho trabalhado.

Ajudando uma criança

Foto por: ©iStockphoto/pilcas

Este curso é uma preparação para as pessoas que querem trabalhar com eles, especialmente na Fundação CASA (antiga FEBEM), onde o JEAME atende e trabalha com os internos e tentam reabilitá-los e reintegrá-los na sociedade.

Eu aprendi sobre a realidade das crianças e adolescentes de lá. Quase todos eles vêm de lares desfeitos, famílias muito pobres, e logo se envolvem com drogas. Não leva muito tempo até que eles comecem a pensar que o tráfico de drogas é a sua única opção na vida.

Mas há outro fato sobre eles que eu não tinha ideia: a maioria deles foram abusados na infância ou início da adolescência, por alguém próximo a eles ou depois de terem entrado no “sistema”. Eu não estou falando apenas de abuso sexual, mas também de abuso psicológico ou físico.

Você sabe o que acontece com uma criança que foi abusada? Ela se torna um abusador. Ela acaba repetindo a experiência traumática que teve, e com isso cria novas vítimas e futuros abusadores. Assim, o círculo vicioso do abuso persiste.

A instrutora nos contou muitos exemplos de meninos e meninas que eram muito violentos e cruéis. Eles aterrorizavam todos na unidade onde estavam internados, e todos eles tinham uma coisa em comum: eles foram cruelmente abusados sexualmente quando crianças.

Ela disse que, quando a pessoa é um abusador, você pode ter certeza que dentro deles há uma criança abusada.

Eu fiquei tão decepcionada como nós, como sociedade, somos incapazes de proteger essas crianças, e a única coisa que fazemos é puní-los quando eles começam a repetir o abuso que receberam, e então nós não protegemos as novas vítimas, que se tornarão futuros abusadores. Assim, o círculo vicioso do abuso persiste.

A instrutora nos disse que quando ela olha para um adolescente cruel e violento, ela vê uma criancinha abusada que está implorando por ajuda.

Eu acredito que este seja um dom de Deus. Eu não acho que qualquer um de nós seria capaz de lidar amorosamente com um adolescente que estupra crianças, ou um que já matou muitas pessoas e admite isso com orgulho. Se olharmos para eles como abusadores, traficantes de drogas e assassinos, não poderemos ajudá-los, iremos apenas demandar justiça, justiça fria e sem emoção.

Mas é aí que Deus nos lembra que se não fosse por Sua misericórdia e graça, nós também não teríamos a menor chance. Nós nunca seremos bons o suficiente de acordo com Seu padrão, nem nós nem aqueles meninos e meninas.

Nós todos dependemos de Seu amor, graça e misericórdia.

E eu acredito que, quando vemos crianças feridas em vez de criminosos cruéis, temos um pequeno vislumbre do que Deus vê através de Seus olhos amorosos. Não se trata de ignorar o mal, mas de ver toda a realidade, não só uma parte dela.

E é aí que nos tornamos Suas mãos estendidas para os que imploram por ajuda.

Então nós descobrimos o poder que pode quebrar este círculo vicioso do abuso: amor e perdão.

Deus usa as pessoas como os missionários do JEAME para mostrar Seu amor a essas crianças e adolescentes. Quando eles experimentam o amor de Deus, eles também são capazes de experimentar o Seu perdão. E uma vez que eles o fazem, eles também são capazes de perdoar aqueles que os feriram no passado. É aí que círculo vicioso do abuso é quebrado!

Amor e perdão que lhes permitem sair do círculo do abuso. Eles superam sua dor, que os liberta de serem abusadores.

A instrutora nos contou muitas histórias reais sobre pessoas reais que fizeram exatamente isso.

Não há ninguém que esteja muito perdido ou muito ferido ou muito longe do braço amoroso de Deus. Ele pode chegar à mais escura das almas e trazê-la de volta, restaurá-la. E nós podemos aqueles que Deus usa para alcançar estas pessoas. Isso não é incrível?

Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. (Efésios 2:13)