Nós falamos sobre o sofrimento nos últimos posts, e sempre que alguém fala sobre sofrimento na Bíblia, acaba mencionando Jó.
Você provavelmente conhece a história de Jó: Deus permitiu que o diabo destruísse tudo o que ele possuía e todos que ele amava, até mesmo atacasse seu corpo. Ele só não permitiu que ele morresse. Em pouco tempo, Jó perdeu todos os seus bens, sua família e sua saúde.
Mas qual foi o objetivo de tal sofrimento? Na verdade, podemos aprender lições importantes com a história de Jó, e vamos explorar isso neste post e nos próximos posts que vou escrever nesta série.
Primeiro de tudo, eu gostaria de falar sobre uma coisa que muitas pessoas ainda tem dificuldades em aceitar, que é quando as pessoas boas sofrem.
Essa questão vem de uma noção incorreta de que nós recebemos o que merecemos na vida. Se somos bons, então recebemos coisas “boas”; se somos maus, então nós somos punidos por isso. Com base nisso, muitas pessoas pensam que, se somos pessoas boas, então nada de ruim vai acontecer conosco. Se acontecer, então nós fizemos algo de ruim para merecer isso.
Se você ler o livro de Jó, você vai ver que é exatamente isso o que os amigos dele pensavam. Quando eles viram o que aconteceu com Jó, eles imediatamente concluíram que Jó havia feito algo de errado para merecer aquilo. Quando Jó insistiu que ele era um homem justo, seus amigos insistiram que ele estava errado.
Por exemplo, neste trecho Zofar deixa claro que ele achava que Jó precisava se arrepender de um pecado que ele tinha cometido que havia causado todos os problemas que ele teve:
Contudo, se você lhe consagrar o coração e estender as mãos para ele; se afastar das suas mãos o pecado e não permitir que a maldade habite em sua tenda, então você levantará o rosto sem envergonhar-se; (Jó 11:13-15)
As acusações de Elifaz são ainda mais duras:
É por sua piedade que ele o repreende e lhe faz acusações? Não é grande a sua maldade? Não são infindos os seus pecados? (Jó 22:4,5)
Mas Jó não tinha culpa de seu estado. Isso é o que eles não conseguiam entender.
Os amigos de Jó achavam que, assim que Jó se arrependesse de seu “pecado”, Deus consertaria tudo, porque Ele tinha que fazer isso. Eles pensavam que seria a coisa certa a fazer. Eles não tinham considerado a possibilidade de que Deus tinha um plano e que eles não tinham ideia do que se tratava.
Os “amigos”, que deveriam trazer conforto para um homem em profundo sofrimento, falharam miseravelmente:
Então Jó respondeu: “Até quando vocês continuarão a atormentar-me, e a esmagar-me com palavras?” (Jó 19:1,2)
Em vez de ajudá-lo enfrentar essa situação difícil, os amigos de Jó tornaram a situação ainda pior, por uma simples razão: eles assumiram algo errado sobre Deus e sobre Jó. Eles julgaram embora não tivessem evidências para apoiar suas pressuposições.
Quando Deus apareceu no final da história, isso é o que ele disse sobre as afirmações dos amigos de Jó:
Depois que o Senhor disse essas palavras a Jó, disse também a Elifaz, de Temã: “Estou indignado com você e com os seus dois amigos, pois vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó.” (Jó 42:7)
Quero deixar claro que um dia Deus vai julgar cada pessoa, e é aí que vamos receber nossa recompensa, e não com base no nosso merecimento, mas com base em se aceitamos Jesus ou não, e se fizemos a vontade de Deus durante nossa vida.
Portanto, a primeira lição que aprendemos é que as pessoas boas sofrem, mesmo que elas não tenham feito nada para merecer isso. Não devemos julgar os outros com base na sua situação. Não temos nenhuma ideia do que está realmente acontecendo de fato.
E se Deus nos chamou para oferecer uma mão amiga para alguém que sofre, vamos fazer isso. Em momentos como este, nosso foco não deve ser o de ganhar um argumento, mas de trazer conforto para uma pessoa que está sofrendo.